segunda-feira, 19 de setembro de 2016

GLIDING BARNACLES

Ou um evento que ainda mantém o espirito do surf na sua essência... O surf mudou, os surfistas mudaram, não sei se para melhor se para pior, só o tempo o dirá, mas da parte que me toca deixei de me identificar com o mundo competitivo e com os egos inflamados de alguns surfistas. Entrar na água e ver putos de 13 anos que não têm o objectivo de se divertirem mas sim de se profissionalizarem dá-me alguma azia... confesso. Na fotografia também tudo mudou, as revistas já não respondem aos emails e dar calotes de milhares de euros é prática comum, infelizmente sofri isso na pele e foi também isso que me fez afastar do meio. Basicamente arrumei a minha tele-objectiva e tirei a prancha do saco, mais vale surfar e sair de sorriso na cara, que me empenhar todo e chegar a casa fodido com a vida. No entanto, há alguns meses o Eurico da Figueira mandou-me um mail e basicamente dizia "André temos de fazer aí umas fotos". Achei piada, não conhecia bem o Eurico, mas acompanhava as suas viagens pela India e do pouco que o conhecia parecia-me muito boa onda. Na verdade para voltar a fotografar teria de ser com alguém assim ou num ambiente diferente do das manobrinhas radicais. Encontramo-nos e o Eurico desafiou-me a ir à Figueira, mais propriamente ao evento que ele organiza, o GLIDING BARNACLES, eu aceitei e fiz-me à estrada. Chegado lá deu logo para perceber que a vibe é bem diferente de um habitual evento de surf. Há pranchas para serem experimentadas, há churrasco, há cerveja (sim aqui não existe aquela hipocrisia que surfista só bebe bebidas energáticas e água), há música, há exposições... acima de tudo há uma muito boa onda à volta do evento e está-se tudo a cagar se estás descalço ou calçado, se tens roupas de marca ou não, se surfas bem ou não... interessa que estás ali e fazes parte da cena, logo és bem recebido. Tive pouco tempo infelizmente mas deu para me divertir e para marcar na minha agenda uma ida lá acima no próximo ano. Voltei a fotografar surf, a divertir-me à grande e a perceber que há outros caminhos que quero seguir na fotografia de surf, mais calmos, mais fluídos, com outro olhar...